MORFOLOGIA E METABOLISMO

Anamnesis Crystallinum é um organismo que possui uma forma aproximada à de um bastonete terrestre,  apresentando aleatoriamente segmentos com diferentes tipos de deformações globulares e por vezes incorporando mais do que um núcleo central. 

Este núcleo está ligado a diversas membranas externas interligadas entre si, nas quais se processam a sintetização  e distribuição de nutrientes.

Todo o seu exterior está coberto por cristais de cloreto de sódio com os quais este organismo estabelece uma união que permite, através de um processo de quimiossintetização ainda desconhecido, metabolizar, o hidrogénio molecular, as proteínas acídicas e o amoníaco presentes em grandes quantidades no oceano de Enceladus.

Foram encontrados Anamnesis Crystallinum de diversas dimensões, embora ainda não seja claro se pertencem a diferentes espécies ou se são o mesmo ser em diferentes fases de desenvolvimento.

Variam na sua cor (azul, amarelo, laranja e branco) como reação ao nível de pressão osmótica externa exercida sobre o seu corpo diferenciada pela profundidade a que se encontram.

COMPORTAMENTO SOCIAL

As camadas de sódio cristalizado no seu exterior aparentam produzir uma linguagem química, que funciona através da irradiação de uma subtileza de sons, calor e luz.

Esta forma de comunicação, para nós ainda em fase de estudo, não encontra paralelo terrestre e interfere poderosamente com o sistema neuronal humano.

Quando um humano está presente durante uma fase de interlocução, pode entrar num delírio febril que provoca a reminiscência incessante e vivida de memórias passadas. A anamnese torna-se de tal forma descontrolada que pode levar à perda de consciência, ao coma e em casos extremos à morte.

Esta interação entre seres nunca antes observada está a causar grande alarido na comunidade científica e os inúmeros estudos que já surgiram, embora ainda não consigam decodificar este processo, permitem pelo menos moderar uma interação na qual o sujeito humano consegue aceder às suas memórias de forma controlada.

HABITAT

MACRO AMBIENTE

Enceladus é a sexta maior lua de Saturno. Este satélite natural embora relativamente pequeno, com um diâmetro inferior a 1% do tamanho da Lua da Terra, possui um oceano global de água líquida trancado entre um núcleo rochoso e uma superfície impenetrável de gelo. A temperatura média da superfície ao meio-dia chega a apenas -198°C, gerando uma crosta de gelo com cerca de 35 km de espessura na região equatorial e 5 km no polo Sul.

Por estar tão próximo de Saturno, um violento campo gravitacional provoca marés que funcionam como mecanismo de aquecimento e impedem o congelamento do seu oceano. As grandes quantidades de amoníaco e sais de sódio dificultam o congelamento da água, mantendo-a em estado líquido até em temperaturas tão baixas como -1OO°C.

No polo sul existe uma vasta  bacia matizada por fraturas que expelem, através de plumas de ventilação, vapor de água e partículas de gelo, sal e moléculas orgânicas para o espaço, que voltam a cair sobre a lua com a forma de neve.

Estas plumas são originadas pelo escape de calor interno criado por Criovulcões incorporados em grandes extensões de fontes hidrotermais onde as temperaturas rondam os 9Oº C. Estas são paralelas aos montes hidrotermais que abrigam todo um ecossistema nas fossas marinhas terrestres.

MICRO AMBIENTE

Foi no polo sul, em redor das atividades hidrotermais provindas do fundo do oceano, mais especificamente na Fractura de Damasco, que foram encontrados, nas partículas libertadas pelos poderosos jatos de vapor de água, que chegam a atingir alturas de 1OOm, os primeiros vestigios do Anamnesis Crystallinum.  

Embora tenham sido encontrados à superfície, estes organismos crescem vigorosamente entre reações geoquímicas geradas nas cavernas quentes do oceano subterrâneo.

A alta concentração de cristais de sódio provoca um ambiente fluido viscoso que causa uma desaceleração das reações bioquímicas deste novo organismo exohalófilos e que permite criar um vínculo simbiótico com os cristais de cloreto de sódio.

Após a descoberta dos primeiros microorganismos percebeu-se que as fontes de partículas salgadas estão distribuídas uniformemente por toda a extensão circundante a estes jatos, provando que a existência destes seres se expande a todo o planeta.